Paulo PinheiroRenan Olaz

O vereador Paulo Pinheiro (PSOL) tem a saúde como uma das principais pautas do seu mandato. Presidente da Comissão de Saúde e membro da Comissão do Idoso na Câmara Municipal do Rio, o parlamentar tem buscado soluções para tanto desafios. "Um dos maiores problemas que enfrentamos hoje na política pública de saúde da cidade do Rio é a dificuldade de acesso a consultas e tratamentos de alta complexidade. É assustadora. Quem precisa de uma consulta vai enfrentar meses de espera por um especialista".
SIDNEY: O que está acontecendo com os hospitais federais instalados no Rio? Quando eles estarão a pleno serviço para a população?
PAULO PINHEIRO: O SUS é tripartite (federal, estadual e municipal). Entretanto, o secretário municipal de Saúde é o gestor pleno do seu município. Então, precisa cobrar o funcionamento de toda a rede. O Rio tem a maior rede de hospitais federais do Brasil. São 6 hospitais de alta complexidade - Bonsucesso, Servidores, Andarai, Jacarepaguá, Lagoa, Ipanema - que foram sucateados durante anos e agora esperávamos que o governo federal fizesse uma administração de qualidade. Infelizmente, as indicações políticas continuaram sendo realizadas e o resultado é uma falência lamentável; 400 leitos fechados por falta de pessoal e infraestrutura do governo federal. O resultado é uma enorme fila para cirurgias, tratamentos de pacientes de alta complexidade. Enquanto isso, o cidadão com câncer não consegue fazer a quimioterapia, e o paciente cardiológico não consegue fazer o cateterismo.
Como está o atendimento da alta complexidade (oncologia, cardiologia, ortopedia, neurocirurgia) na cidade do Rio?
Um dos maiores problemas que enfrentamos hoje na política pública de saúde da cidade do Rio é a dificuldade de acesso a consultas e tratamentos de alta complexidade. É assustadora. Quem precisa de uma consulta para oncologia, cardiologia, neurocirurgia, ortopedia ou cirurgia vascular vai enfrentar meses de espera por um especialista num ambulatório de hospital federal ou numa policlínica do município. Feita a consulta e com o diagnóstica mostrado, começa um novo inferno que é conseguir o tratamento. Serão meses de espera na fila dos hospitais de alta complexidade (federais e universitários), porque faltam profissionais especializados.
O senhor é um defensor de melhorias para os servidores públicos e por novas contratações. Qual é a real situação do Rio?
O prefeito Eduardo Paes ja foi eleito o principal inimigo do servidor público municipal. Sua politica de desmoralizar o concurso público e contratar profissionais por OSs ou outros mecanismos de terceirização já invadiu as secretarias de Saúde e Educação. Só na Saúde, quando ele assumiu em 2009, éramos 29 mil servidores estatutários e 5 mil terceirizados. Com sua política de desmonte do serviço público, hoje somos apenas 18 mil estatutários e 40 mil terceirizados. Além disso, não cumpriu a promessa de campanha de instituir um plano de cargos, carreiras e salários (PCCS) para os servidores da Saúde. Na Educação, contrata professores temporários e não chama o banco de concursados.
Além das doenças respiratórias, váriostipos de gripe e dengue, agora temos muitos doentes com tuberculose no Brasil. O que fazer?
A cidade do Rio está entre as três que apresentam a maior incidência e maior taxa de mortalidade por tuberculose do Brasil. A doença está diretamente relacionada com a pobreza e com as más condições sanitárias e habitacionais, e tem sua maior concentração nas favelas/comunidades carentes e no sistema penitenciario. São necessárias políticas públicas não só de saúde, mas de habitação, assistência social, educação e saneamento. Aprovamos um projeto de lei que institui um plano municipal de enfrentamento à tuberculose do Rio, mas, infelizmente, até hoje, a lei não foi regulamentada e executada pela Prefeitura.
Envelhecimento da população da cidade já é motivo de preocupação. E existe política pública para idosos?
O envelhecimento da população brasileira deveria ser uma das principais preocupações das nossas autoridades. Entretanto, não parece estar entre as principais preocupações do prefeito da cidade do Rio. Os idosos são aqueles que mais precisam controlar e tratar as doenças crônicas (hipertensão, diabetes, problemas ortopédicos, neurológicos, câncer), e esse é o tipo de atendimento que está em crise na cidade, o idoso não consegue acessar. O transporte coletivo essencial para o idoso continua muito ruim e pouco acessível.